quinta-feira, 26 de março de 2009

Divido com vocês, o 1º de muitos dos meus pensamentos. "Da fé ao pó"


Da fé, ao pó.

Olhando o chão rachado, penso que o mundo começou a acabar, por aqui.

Na falta de chuva, que deixa a sede comandar o chicote, que agride ainda um pedaço dos quilombos.

Na cara do sofrer, que se revela na face de cada um, aqui onde o sol mexe com a mente nordestina.

Ah... Mas percebo luz aqui, não aquela elétrica, mas, a luz divina!

E depois do meu dormir, no escuro de uma noite abençoada, nos braços de um chão amigo, que se tornou meu único conforto, percebo que na verdade um mundo não começou a acabar por aqui.

Está acabando nos olhos de quem se deixou levar pela ganância, e não vê o respeito, nem a justiça, nem a compaixão, nem o principal, o amor.

Ó meu Deus! Essa tecnologia, essa pobreza de espírito, essa loucura de viver no espaço, essa venda da fé, um mundo racista, podre e cheio de ódio!

Ah... Mas percebo luz aqui, não aquela elétrica, mas, a luz divina!

Desnutrição? Desvia o Velho Chico! Vem Carro-Pipa, molha o pedacinho da alma de cada filho de Deus aqui.

No mês de Junho sorrimos como ninguém, o resto do ano, choramos pra irrigar a terra, até que as lágrimas acabem e dos olhos saiam pó, e ao pó voltaremos.

Voltaremos pra arar a terra, pra tentar plantar, pra andar por esse mundo afora e falar sempre do nosso nordeste, esse nordeste lutador, nordeste de Lampião, de Antonio Conselheiro, de Luiz Gonzaga, de meus pais, de seus pais, e de todos nós!

Fábio Lira 02/12/2008 (Sem a sua paz, não haverá paz para os outros!)